Se me apaixono por alguém que não me corresponde o problema é meu e não do outro. Eu é quem criei um mito, formei expectativas, sonhei, fantasiei. A hora em que eu cair na real, sou eu quem tenho que trabalhar minha fantasia, o que essa pessoa tinha para me cativar, porque me apaixonei por ela. Não importa por quê ela não correspondeu, o que se passa na cabeça dela, o que poderia ter sido feito. Importa os sentimentos que passam POR MIM e o que eu posso fazer para não voltar a sofrer, mas maioria das pessoas fala e faz coisas sem consciência de como isso pode estar atingindo a outros. Não por egocentrismo, mas porque vivemos num mundo em que cada um tem que cuidar de si mesmo, nossa sociedade impõe essa forma de sobrevivência. Ninguém sabe o ponto certo de se doar e quanto vale a pena. É verdade... Às vezes, não vale. A gente se dá sem querer nada em troca. Por quanto tempo conseguimos encher copos de água para o outro enquanto morremos de sede? Não será essa atitude uma maneira de simplesmente alimentar o egoísmo do outro? É cômodo apenas receber... O que eu acho que pesa mesmo é a nossa disposição para tolher nossa vida própria em função do ser que amamos. Acho que se não cobrarmos do outro a nossa porção de amor, atenção e sacrifício que nos cabe, a vida se encarregará de cobrar de nós o nosso tempo perdido em função de quem não merecia - acabaremos por descobrir... E o que fazemos com as sobras depois que alguém come apenas um pedaço? O que fazemos conosco quando nossas crenças se desfizerem e ficarmos à mercê de uma vida sem esperanças? Quantas vezes seremos capazes de recomeçar?... Sempre? Sempre pode ser tempo demais... Quantas vezes nos reprimimos por vergonha, por medo do que os outros vão pensar de nós, por insegurança, por "educação". Medo de parecer ridículo, fraco, louco. Nessas, onde fica nossa criança interior? Aquele serzinho que habita no fundo da alma, sufocado por tantos "não pode" e precisando se expressar? E sem nossa criança como é que fica nossa emoção? Sufocada? Nossa alegria lacrada? Nossa tristeza bloqueada, a raiva encalacrada, o amor reprimido doendo no peito porque não pode ser demonstrado? Depois de desenterrar o seu sonho, usar a força do amor para apoiá-lo, passar muitos anos convivendo com as cicatrizes, o homem nota, do dia para a noite que o que sempre desejou está ali a sua espera, talvez no dia seguinte. Então vem o quarto obstáculo: o medo de realizar o sonho pelo qual lutou toda a sua vida. A capacidade de mudar velhos hábitos e atitudes reflete o seu grau de flexibilidade que indica o seu nível de saúde mental. Quanto mais inflexível, maior será o tempo de reação a situações novas, criando profundos transtornos para você. Agora, se você é flexível e não deixa o passado ter poder sobre você, mais livre se encontra para perceber, digerir e responder adequadamente à vida. Eis a palavra-chave: auto-conhecimento; à medida que nos conhecemos verdadeira e profundamente. Nós nos tornamos mais e mais indulgentes, pacientes e compreensivos para com o próximo, exatamente aqueles que julgávamos (erroneamente) responsáveis pela nossa infelicidade.