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22.3.09

Foda-se


O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de FODA-SE que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito de FODA-SE!? O “foda-se” aumenta minha auto-estima e me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas, me liberta. Não quer sair comigo? Então FODA-SE! Vai querer decidir esta merda sozinho mesmo? Então FODA-SE! O direito ao FODA-SE deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Os palavrões não nascem por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.

“PRA CARALHO” por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de quantidade do que “PRA CARALHO”?, tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o Universo é antigo pra caralho, eu gosto de mulher pra caralho, entende? No gênero do “Pra Caralho", mas no caso, expressando a mais absoluta negação, esta o famoso “NEM FODENDO”.

O “Não, não e não!” e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade “Não, absolutamente não!” substituem o “NEM FODENDO” é irretorquível, e liquida o assunto. Te liberta, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Sabe aquele amigo chato que pede a sua casa pra se dar bem com alguma garota e você sabe que vai deixar tudo uma bagunça depois? Não perca tempo nem paciência. Solte logo o definitivo “Camarda, presta atenção, “NEM FODENDO' .

O impertinente se manca na hora e vai pra um motel para os cantos de algum prédio público sem muita fiscalização se encontrar com a coitada numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lenine.

Por sua vez, o “PORRA NENHUMA” atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possam viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um “É PHD PORRA NENHUMA”, ou ele redigiu aquele relatório sozinho PORRA NENHUMA!. O “PORRA NENHUMA” como vocês podem ver nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos “Aspone, Chepone, Repone”, e mais recentemente o “Prepone”, presidente de PORRA NENHUMA.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um “PUTA-QUE-PARIU”, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma notícia irritante qualquer um “PUTA-QUE-O-PARIU!”, dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso “VAI TOMAR NO CU!”? E sua maravilhosa e reforçada derivação “VAI TOMAR NO OLHO DO SEU CU” ? Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta : Chega ! “VAI TOMAR NO OLHO DO SEU CU”. Pronto, você retomou as rédeas de sua vida e sua auto-estima. Desabotoe a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. Arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando-o parar: O que você fala?
FODEU DE VEZ!

Liberdade, igualdade, fraternidade e FODA-SE.
 

Vizinhos

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O mestre

O mestre
Milton Viola Fernandes,vulgo Millôr Fernandes

Dica do dia

Estamos seguros de que mais vale um pássaro voando do que dois na mão, cão que ladra só não morde enquanto ladra, e, se o hábito não faz o monge, fá-lo parecer de longe. Por isso a cavalo dado deve-se olhar os dentes com atenção redobrada.

Declarações de fãs sobre O Audacioso:

"Um oásis de inteligência (e humor), que revoluciona todo o pensamento ocidental (e oriental). De uma atualidade extraordinária, é uma fonte na qual todos devem embeber-se; uma leitura recomendável para pessoas inteligentes, conscienciosas, ponderadas e descomplexas. Um verdadeiro orgasmo filosófico que fará estremecer o mundo." Gandhi

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